FIDELIDADE INÚTIL -Ainda na manhã de 22 de junho de 2012

A mim resta apenas restar, com certa minha fidelidade sem função, inútil, incompreendida para sempre. Restar como se eu fora e houvera sido sempre um monstro, restar como alguém que nunca foi, mas, que precisa restar, porque ainda lhe resta uma função efetiva, com aquela que a trouxe à vida; restar por alguns amigos que ainda creem em mim, para poder receber seu afeto e para poder lhes ser útil, do modo possível, no que ainda me reste de forças (...).

Resta orar a um Deus em quem eu creia com todas as forças, para prolongar-me esta vida que ainda, essencialmente por minha mãe, se faz necessária.

Restar ainda. Ainda. Coração? Ah, coração...

Agora sei que me odeias, que me desprezas, irremediavelmente. Não há nada, nenhum gesto, palavra ou silêncio meu que possa mudar isso. A tua escolha com relação a mim. É respeitá-la e partir. Devo partir, de vez. Urge partir. AGORA. Senhora de Fátima, rogai por mim.

Na manhã de 22 de junho de 2012.