A que ponto chegamos?

O pensamento sobre relacionamentos chegou a um ponto inaceitável, ao meu ver. Como tratar o amor como uma ciência exata? Como a regra se tornou exceção e vice-versa? Acho que perdi algumas dessas passagem? Estivera eu viajando no mundo do sincero, do puro e do verdadeiro? Onde eu estava quando tudo isso aconteceu? Por que tudo isso aconteceu? O que aconteceu?

Por que ser verdadeiro se tornou ser diferente? Como foi que ser fiel se tornou ser ridículo? Quando foi que o amor deu as mãos para a traição? Sinto muito, mas não conseguirei entender como um sentimento intenso como esse se tornou tão vulgarizado a ponto de ser tratado na brincadeira, no descaso. Eu não entendo...

As pessoas acham que trair é normal. Que mentir é normal. Que a mentira ajuda. O que aconteceu com os ensinamentos de nossos pais que diziam: "filho, mentir é feio"? O que aconteceu com o sentimento de culpa ao fazer uma coisa que sabemos ser errada? É coisa errada? Calma, estou me confundindo. O mundo está me falando uma coisa diferente do que eu acredito. Será, então, que eu estou errado e todos estão certos? Afirmar que eu estou certo e todos errados seria arrogância? Perdoem-me, mas então terei que ser arrogante.

O amor é algo maior. A fidelidade, a sinceridade, o companheirismo, a cumplicidade fazem parte do amor. Sem isso NÃO há amor! Como se pode amar traindo? Olhando todos os dias para a pessoa sem dizer nada, com a maior falsidade existente e sabendo o que se fez? Isso é confiança? Confiar no fato de que nunca ficará sabendo da verdade? Verdade? Que verdade? Verdade ou comodidade? É cômodo ser menor, diria Hegel. É cômodo viver uma ilusão. Vivemos de ilusões. Nada é real.

Aquilo que sentimos e que falamos, o que um dia foi algo concreto, de coração, de mente e de alma, hoje é pura ilusão. Estamos vivendo em uma bolha e acreditando que tudo dentro dela é natural, é lindo, é o melhor dos mundos. Estamos enganados. Estamos com os pés fora do chão pensando que é bom voar, subir. Mas vamos cair.

É essa a raiva que tenho. É isso que não consigo admitir. Como mentir se tornou necessário? Necessário para manter algo que não é mais real. Não vivemos mais no real. Devemos acordar para pensar o que estamos fazendo com nós mesmos. Infiéis a pais, namorados, maridos e esposas. O que estamos fazendo? O objetivo é sempre não "sair por baixo". Sempre temos que ser os que não sofrem, os que fizeram, os que aconteceram. Não temos mais estruturas para sofrer. Estamos esquecendo que sofrer é permitido, que chorar é legítimo. Devemos nos permitir sentir algo que nos engrandeça, que nos motive, que nos alegre e que nos faça derramar lágrimas. Meu Deus, pra onde foi tudo isso? Será que eu entendi errado?

Escrito em: 13 out. 2011

Rafael Zago
Enviado por Rafael Zago em 20/06/2012
Código do texto: T3734767
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