Olhares da cidade. Veracidade!
O indizível pode ser traduzido pelos olhos. Há os que dizem, que eles nada mais são do que o reflexo da alma. E creio que assim seja... Estagnada agora, nessa velocidade, vejo da janela passar os diversos olhares. Vê: há os olhos castigados, calejados da vida, olhos cansados, outros tantos alienados, cegos, cansados, com as pálpebras caídas á escurecer suas vistas, e dentre todos estes, os olhares amorosos, cheios de compaixão, que podem ver e clarear as cores acinzentadas destes concretos.
Ver a cidade, em suas veias, suas vielas, veracidade! Há olhares perdidos, sem rumo ou direção, que se submergiram nos passos da vida. Há os que se esvaíram em si mesmos, porque só conseguem enxergar o próprio âmago. Há a distração dos que tem asas no olhar... E inúmeras ideias na imaginação. Há os que encontram no tempo a razão pra observar o que acontece em sua volta. Há os desconfiados, por culpa de outros que traíram sua confiança. Há os despreocupados, numa calma de passos serenos e lentos.
Há os alegres, contentes pelo que a vida lhe ofereceu, pelos momentos que viveu e continua a viver. Há os olhares cheios de rugas, e junto com elas histórias pra contar. Há os desesperançosos e abandonados, que mal podem sonhar. Há os ansiosos que anseiam uma vida melhor. Há os misteriosos, os que se escondem e mal se sabe decifrar o que dizem, mal se sabe quem são... Há os outros, dentre tantos, os que enxergam todos os olhares. Há variadas retinas que demostram um sorriso que transborda esperança e veem a claridade a iluminar os dias que virão. Há os que querem ver a luz. Há os que transformam qualquer complexidade em uma gota de lágrima. Há os curiosos que querem ver todo o mundo. Há os que fazem dos dias, o que há de mais comum. Há os que conseguem ver além e inovar. Há os sonhadores... E dentro destas bolas cristalinas, há um pouco de todos estes , e um mundo em cada um de nós... á cada instante, na inconstância incontabilizável de ser , ser-humano, humano!