EU A MATEI
Eu a matei!
Sim eu a matei, porque matar sentimentos talvez seja uma das mais cruéis formas de matar. Foi assim que eu a matei, fria e cruelmente.
Mas eu precisava mata-la ou morrer, bom seria se ela me matasse primeiro, mas ela não o fez. Na verdade mesmo que ela matasse meu corpo físico, infelizmente não conseguiria matar o que em minha alma teima em permanecer vivo. Maldito sentimento imortal que me aprisiona e tortura todo o tempo. Maldito porque não pode ser vivido, não deve ser vivido, mas insiste em existir e me torturar.
Tortura! Sim a pior delas, oprimindo meus pensamentos, sufocando minha alma, esvaziando meu corpo. Porque uma alma repleta de amor esvazia o corpo em que jaz, buscando o outro em que a amada alma reside para completar-se, sentir-se vivo. Eu estava assim: lata vazia!
Era necessário aniquilar este amor em uma de suas fontes. O que o tempo e a distancia não mata, mata-lhe a indiferença, eu a busquei, e me lancei sobre ela como suicida sobre aguda espada, assim a terei enfincada no peito até que deste amor, escorra a última gota de sangue, até que a última pétala arrancada, seja carregada pelo vento, até que no leito deste rio só se avistem as pedras.
Eu matei!
Em sua catacumba jaz o amor, corroído pelos vermes da mágoa e da indiferença!
Eu continuo lata vazia, mas agora melhor, sem esperança, sem busca, sem ter aonde ir, sem nada!
Este talvez seja o melhor caminho!