O arraial da despedida

Sempre me considerei uma completa boba e uma neurótica quando tinha que discutir alguma coisa que internamente ficava perturbando minhas poucas horas de sono.

Na verdade, sempre fugi para o lugar mais longe possível para não entrar em contato permanente com aquilo que mais me incomoda nos dias de hoje, conheci lugares lindos, lugares que achei que nunca fosse encontrar, perdi a quantidade de vezes que me perdi neles.

Por não querer manter contato ou apenas por não querer ficar perto parece que o contrario ocorreu.

Quando o vi entrando por aquela porta de vidro, comecei a tremer e a partir daquele momento percebi o quanto era realmente uma boba e o quanto realmente não vou conseguir fugir daquilo que tenho que enfrentar de frente. É ainda algo desconhecido para mim, um mostro embaixo da cama, e que por tanto tempo "morri" de medo, hoje apenas tenho que enfrentar acordando esses quatro dias ao seu lado e indo dormir no mesmo ambiente que o seu, o qual ainda sinto a mesma respiração pulsante e o mesmo cheiro quando sai do banho.

Tive que enfrentar que esse amor acabou de uma vez por todas, teria que ser um pouco mais corajosa naquela manha. Sabia que teria que levantar pra te enfrentar, enfrentar seus olhos azuis.

Sabia que esse dia iria chegar e me coloquei ali a frente, toda disposta e tremula.

Ainda há tantas coisas entaladas na garganta, coisas que o peito ainda pulsa e a pele pede por socorro, palavras que deveriam ter sidos pronunciadas mas que o tempo matou de vez, momentos que se perderam em devaneios soltos.

Agora mergulho em um lugar que não dá pé, me encontro em um lugar que não vejo o fim, me perdi naquela casa logo pela manha.

Me deixo levar sem refletir, fui o reflexo dos olhos seus que se perdeu, me entreguei e imaginei demais.

Hoje é apenas o silencio que une aquele casal.

Gabriela Carvalho
Enviado por Gabriela Carvalho em 13/06/2012
Reeditado em 22/07/2012
Código do texto: T3722903
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