Bom Dia, Tristeza

Encontrei algum prazer no amor, no beijo, no sexo, na amizade, no riso, na comida, no travesseiro e nos dias de sol. Consegui alguns momentos bons, dormidas de conchinha, cafés na cama, brigas seguidas de sexo e beijos apaixonados debaixo de luas cheias, com algumas pessoas. O dinheiro, mesmo que pouco, também comprou alguns resquícios de vida e parcelas ínfimas do que o mundo tem a ofertar e não posso pagar. Aos amigos, esses tantos que passaram, esses poucos que ficaram e todos os que hão de vir, o abraço mais sincero e puro de quem podes considerar irmão sem laço de sangue algum, sem obrigação alguma de conviver junto e, muito menos, sem ser apenas uma questão de acaso(como são as famílias). Agradeço à todos. De verdade, de coração, embora eles - verdade e sentimento - já não valham de muita coisa. Embora mais nada valha de muita coisa. Me afastarei pois me acostumei, me acomodei, me encostei. Pois já tentei demais, sofrendo demais por migalhas de momentos livres das obrigações/torturas físicas e psíquicas do dia-a-dia na nossa sociedade. E agora só vou indo. Indo e indo. Agradecendo pela intenção. E por tudo o que as coisas e pessoas boas da vida me proporcionaram. Mas com a mais absoluta certeza de que só a tristeza, o choro, o lamento, a angústia, a dor e a morte me deram/dão/darão o ombro onde encostei/encosto/encostarei minha cabeça e descansei/descanso/descansarei até adormecer e sonhar com realidades menos confusas.

Bom Dia, Tristeza - Adoniran Barbosa

nes_ste
Enviado por nes_ste em 12/06/2012
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