O Elo Esquecido.
No texto “Sou mental (espiritual)”, percebi que não nasci da relação sexual havida entre meu pai e minha mãe. Essa relação não foi a causa da minha existência, mas, sim, a consequência de uma relação anterior − essencialmente − mental (imaterial, psicológica, ou, se quiserem, espiritual). Nela tinha lugar, prevalecia, a troca pensamentos, mesmo que materializados em gestos de respeito, afetividade, carinho etc., sem o contato sexual, de acordo com os valores estabelecidos. Certamente, aliás, como é comum nos casais que pretendem ter projeto de vida juntos, um não dava ao outro, como presente, um objeto furtado, uma quantidade de droga de uso proibido, ou não externavam se sentir feliz por conseguir “se dar bem” com a desgraça alheia etc.
À exceção daquelas culturas onde se negocia (com dotes etc.) a união entre casais, e aqui não vai nenhuma crítica às mesmas... à exceção das relações sexuais, consentidas ou não, ou, enfim, à exceção dos nascimentos havidos fora das relações sexuais em que delas nasce a criança, a relação sexual é ato posterior (resultado) ao relacionamento que se enfocava nas demonstrações práticas sobre conceitos éticos − humanísticos e humanitários.
Na premissa de que há Juízos Universais, como, por hipótese, anunciar em todas as línguas que se vai evitar a dor-sofrimento de alguém, e, em contraposição, anunciar que se vai causar a dor-sofrimento a alguém, e ver qual das posições causa estarrecimento, o bem-estar valorizado (bem-estar de acordo com os valores de cada cultura) não se resume ao prazer puro e simples oferecido pela relação sexual – isto acontece entre os animais em geral, não entre humanos... O animal sexuado é movido por esta ou aquela “química”, e pronto: se acoplam. Ao contrário, o humano não se alimenta como os demais animais (“irracionais”) simplesmente levando à boca o alimento; como não atende às suas necessidades fisiológicas simplesmente fazendo; não exterioriza a sua raiva agredindo etc. Controla tudo, e quanto mais controla, e é controlado, mais humano é...
E onde entra o “Elo Esquecido”? Primeiro, perdendo-se a perspectiva fática de que o Homem, na sua essência, é mental: o único que sabe − com previsão − poder dar causa à dor-sofrimento. E, por último, que, depois de instalada (causada por qualquer motivo natural ou não, ou “razão”), nada faz, quando pode, para não deixá-la aumentar, para diminuí-la, ou para extingui-la.
Ass. Rodolfo Thompson. 12.06.2012
Ps. Este texto integra o livrinho que escrevo: “A Nossa família (Curiosidades e Lembranças)”.