Entre o acreditar e o desejar


Entre o acreditar e o desejar, entendo que o melhor seja buscar o saber e assim perseguir o conhecimento.
 
Acreditar é necessário, acreditar é humano, e entendo que viver sem crenças é impossível. Como não tenho a capacidade de tudo conhecer, e muito menos de perceber toda a profundidade de cada verdade, necessito algum nível de crença para estruturar minha forma de perceber e compreender o mundo e de me comportar neste mesmo mundo.
 
Desejar é também necessário e humano, o desejo preenche parte do meu ser, desejo amar e ser amado, desejo ser feliz, desejo alguma realização pessoal, desejo encontrar o verdadeiro saber, desejo realizar minha humanidade, mas também em contrapartida desejo bens, luxo, poder e proteção, e sendo humano posso tudo desejar, entretanto entendo que nem tudo é justo desejar, assim creio que o desejo nu e cru, sem limites ou valores que dignifiquem o social e o humano são atalhos para o sofrimento ou para uma presunção vaidosa de que somos capazes e merecedores de tudo. A busca pela verdade, a corrida atrás do verdadeiro em essência e em realidade deve ser um dos marcos diretivos de meus desejos, alicerçado pela aspiração maior de realizar minha humanidade realizando o social para o qual a natureza me direcionou.
 
Cuidado especial devo ter em “saber” diferenciar minhas crenças de meus conhecimentos, meus anseios de meu saber, e também de diferenciar meus desejos da realidade imanente que se me apresenta. É bem verdade que para crer não necessito conhecimentos maiores ou algum saber mais profundo, mas preciso para crer com racionalidade e estado crítico alinhar minhas crenças com o que de certeza eu já saiba, pois crer no impossível, crer no que venha contra saberes cientificamente comprovado é fanatismo e não crença. Toda crença necessita de alguma estrutura, em “andaimes”, de suporte do conhecido. A princípio definiria que para conhecer não necessito crer, mas em uma análise mais detalhada e profunda entendo ser incoerente e antagônico conhecer sem alinhar minha crença ao que sei e conheço, ou recairia no erro acima de fanatismo. Desta forma entendo que uma aderência natural deve haver entre o que creia e o que saiba, entre o que acredite e o que conheça, crer desalinhado das evidencias reais e das verdades comprovadas é sinal de intransigência e fundamentalismo inconsequente.  

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 11/06/2012
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