O que pensei até o sono chegar.

O que pensei até o sono chegar

Hoje tive vontade de não ver o sol nascer,

não queria sentir o seu calor,

e deitado no sofá que fedia a gato sujo

pensei que poderia ficar ali pelo resto do dia,

derrepente parado, imóvel olhando fixo um objeto qualquer.

até que o sono chegue novamente.

Tive vontade de ficar sozinho,

mas acaba sendo irônico pensar assim,

pois sempre fui sozinho,

sempre estou sozinho,

não tenho ninguém verdadeiramente ao meu lado,

os que se dizem família não se importam

alguém me definia literalmente família?

Os que se dizem amigos se foram quando a cerveja acabou,

definam-me também amizade... (se possível)

Já não sinto vontade de usar drogas...

Principalmente a cocaína,

o dia seguinte é ainda mais depressivo,

afogar ia-me no álcool!

Num copo grande de um drink qualquer

pra quem sabe usar de desculpa pra o que eu quiser.

Ficaria assim,

asilado num sofá,

sentindo o frio do mármore gelado endurecendo o meu coração,

afundando-me na amargura do obscuro delírio da minha mente perturbada.

Suntuosos delírios me consomem solitariamente no frio destes pisos,

solitário, solitário...

Assim quis poder estar,

engraçado, assim é que estou,

mas desde quando? não me recordo!

Alguém de vocês pode responder?

Quando de fato me tornei só?

A culpa é minha?

Desculpem-me...

Voltarei a vestir minha mascara e continuarei

fingindo que esta tudo bem,

olho no espelho e sei que não é lá que estou,

não é aquele quem sou,

mas não lhes culpo por talvez me temerem,

por talvez não saberem quem sou,

talvez não saibam nem que são vocês mesmos,

talvez nem mesmo eu saiba quem realmente sou,

ou quem fui, quem serei, e como serei...

Talvez eu morra e ninguém saiba exatamente quem fui,

posso dizer que sou o Diego,

mas só por terem me dado este nome,

não quer dizer que eu seja mesmo de fato este Diego...

Não sou ninguém, dizem que nascemos com uma personalidade,

a qual nos diferencia de todos os outros,

teria eu alguma?

qual seria minha etiqueta de nascença?

já sei, minha personalidade maleável me permite a solidão,

parece-me exato justo? talvez...

Defina-me justiça? Alguém pode?

Mas agora nada disso se faz necessário,

o sono chegou...