Desabafo sobre a escrita
Desde muito nova, escrevo. E contraditoriamente, desde muito nova, reneguei a escrita. Nunca, em hipótese alguma, escrever foi uma escolha. Escrever veio a mim como uma necessidade, da qual eu me via obrigada a fugir. Apesar de desde meus sete anos de idade ter publicações em livros, nunca gostei de escrever em meu nome. Na verdade, nunca escrevi em meu nome. Todos aqueles em que assinei com meu verdadeiro nome, nunca foram realmente escritos por mim. Sempre foram algo mais técnico, o qual nunca considerei escrita. Escrever acerca de três anos atrás, vinha se tornando um vicio do qual eu sentia necessidade de me ver livre. Ironicamente, era o único do qual eu não conseguia viver sem.
Nunca fui e nunca serei alguém que sabe escrever, pois nunca sentei-me a frente de um papel e trabalhei nisso. Tudo que escrevi até hoje não passaram de gritos de desespero, que sempre voltam a mim. Gritos que eu nunca consegui pronunciar, coisas que nunca consegui dizer em palavras, que transbordavam desesperadamente ao final da noite.
Por muito tempo escrever se tornou um pesadelo. Haviam cerca de duzentas páginas escritas, e meu maior medo era de que alguém as encontra-se. Não suportava a ideia até mesmo de me permitir lê-las, afinal não escolhi escrever nenhuma daquelas palavras... Mas algo fazia com que eu sempre voltasse a escrever, mais e mais... Ah, ninguém sabe quanto doía cada letra. Ninguém sabe quanto sangue derramaram essas benditas palavras.