VERGONHA



Somente deveríamos ter vergonha do que somos quando o que somos não dignifica a humanidade que deveria nos compor. Ser pobre ou rico; ser feio ou bonito; ser magro ou gordinho; ser branco, mulato ou negro não falam nada por si só. É a nossa realização do dia a dia, em cada eterno momento de nosso presente que nos revestirá de valores éticos, humanos e sociais, positivos ou negativos. É verdade que entendo a riqueza material como algo no mínimo duvidoso de ser justo e digno, mas não vou me aprofundar neste tema por aqui, o que importa é o impacto social que construímos em nosso existir, quem me conhece ou acompanha meus textos sabe bem que entendo todos os bens materiais como finitos e se alguém muito possui, com certeza é à custa daqueles que nada ou pouco possuem, mas deixa isto para outra hora.
Então vergonha de que? Vergonhoso seria abrir mão do direito e do dever de viver e de nos reconstruir diariamente, buscando nossa felicidade e maximizando a felicidade do maior número de pessoas possíveis. Ser feliz não é feio, proibitivo ou indigno, indigno é ser feliz a custa da dor e da miséria dos outros, nossa felicidade deve ser alicerçada e construída sobre a máxima humana de amarmos uns aos outros, e este amor só faz sentido vivente se for dignificando todas e cada uma das vidas de nossos irmãos em espécie. Assim ser feliz baseado na construção de miséria, ou na omissão da não dignificação humana, ou no simples aproveitar das oportunidades, quando estas são construídas à custa da dor do próximo é ser tão desumano quanto o que em primeira pessoa abriu a oportunidade da felicidade de alguns plantando o sofrimento e a exclusão social de outros. 

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 06/06/2012
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