Cheiro de Chuva

Lorena estava lá deitada com o som da chuva no iPhone. Tentava imaginar uma outra realidade. Nesse momento inventado suas mãos
estavam entrelaçadas a uma outra mão.

Ela acreditava piamente naquele devaneio. Sua mente representava as gotas caindo do céu, escorrendo pelo meio fio até chegarem aos bueiros. Cuidadosamente a chuva deixava-se espalhar na terra, nas pétalas das gérberas amarelas, infiltrando no solo e produzindo vida.

Nesse desvario seu coração parecia encolher ao mesmo tempo assemelhava-se aqueles salões enormes e vazios onde se pode ouvir até o eco do nada.

Na maior parte do tempo tudo era silencioso de mais. A loucura acolhia Lorena dando à ela alguma paz. Eram tantos os caminhos e inúmeras as possibilidades de repente ser feliz, mas Lorena congelava suas ações na mesma medida que congelava pelo frio.

Essas madrugadas eram momentos onde mergulhava em seus conflitos. As vezes ela podia entender e em outras não podia perdoar-se.

Eram tantos os questionamentos que ficava impossível compreender a ténue linha que divide o certo do errado.

Lembrou-se de uma frase do Caio:

"Acho que fiz tudo do jeito melhor, meio torto, talvez, mas tenho tentado da maneira mais bonita que sei".

Apertando aquela mão imaginária ouve-se seu último sussuro:

_Gostaria que descobrissem meus segredos. Iria viver no inferno ou no céu. Sei lá...



Ana Liszt
Enviado por Ana Liszt em 06/06/2012
Reeditado em 30/07/2012
Código do texto: T3708311
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