Uma casca de noz na vastidão dos mundos.
Uma casca de noz na vastidão dos mundos
Para mim, é mais do que lógico aceitar que somos produtos de evolução contínua, desde o Fiat Lux da Explosão Primordial; também vejo como lógico o fato de que esse evolucionar se processará por eras sem conta.
Até aí tudo corre dentro dos trilhos da minha capacidade de análise lógica...
Aonde a roda desse carro começa a pegar é quando leio, ou ouço, pessoas dissertando enfatuadamente sobre algo do tipo: "temos de combater os nossos sentidos, pois, só assim ascenderemos a planos mais altos".
Na ótica das religiões e filosofias, é esta a forma aceita de ver as coisas: o desprezo do corpo e dos sentidos que o compõem. Dizem as filosofias mais adiantadas que o nosso corpo físico é o mais grosseiro de nossos corpos; que o nosso Corpo Astral é bem mais leve, e que o Corpo Causal, formado por nossos pensamentos e emoções, é mais leve ainda.
Até onde eu entendo, por tudo que li a respeito, esta sequencia acima referida está correta...
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Mas vamos lá: ando lendo um livro de comentários sobre o Bhagavad Gita (A Canção do Senhor) escrito por um dos discípulos de Paramahansa Yogananda, Swami Kriyananda, e, em várias passagens do livro, o autor diz que a prática do yoga nos conduz a serenidade, a abstração de nós mesmos, e que este é o caminho para Deus.
Adianto aqui o fato de que acho o Bhagavad Gita uma leitura fantástica, e sempre me encho de encanto todas as vezes que o leio. Meditação e introspeção, então, é a praia que mais frequento - até mesmo pela minha natureza tendente a timidez e a introversão.
Mais uma vez essas proposições, segundo a minha visao de mundo, estão no caminho certo...
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No entanto, o que contesto, tanto em Swami Kriyananda como em diversos outros autores imbuídos das melhores intenções, é que os mesmos parecem esquecer-se de que vivemos num corpo físico e num lugar concreto como o planeta Terra, com todas as suas potencialidades e limitações, e, como disse no começo, estamos evoluindo aqui, aprimorando os nossos sentidos, a nossa percepção, o nosso raciocínio, tornando-nos muito mais argutos no conjunto.
Nada parece ser mais atraente para nós humanos do que alguém pichar a nossa condição, mostrar a nossa miserabilidade, o quão frágeis nós somos ... quer fundar uma nova igreja? Esse é o melhor caminho..
Mas, não podemos nos esquecer de que este é apenas um lado da moeda. O outro lado mostra que somos o topo da cadeia evolutiva; uma máquina maravilhosa e que funciona fantasticamente.
Já escrevi em algumas ocasiões sobre a necessidade que temos de buscar um bom equilíbrio para traçar uma rota que nos mantenha a salvo tanto do hedonismo quanto do excesso de penúria, de desgosto com nós mesmos, e tenho para mim que nossa principal missão aqui neste planeta em que vivemos é exercer a pleno as nossas potencialidades, nos harmonizando com todas as formas de vida que nos cerca, e entendendo as nossas muitas limitações, sejam elas físicas ou emocionais.
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E, sem dúvida, creio que quando cada um de nós tiver atingido o seu potencial máximo aqui na Terra, (e não antes, apesar dos apressadinhos de plantão) uma outra forma de vivência em algum outro plano estará a nossa espera.
Terras de São Paulo, manhã de Terça-Feira, segundo dia da Lua Cheia de Junho de 2012.
João bosco