Presente sem passado



Não é possível viver a realidade do momento presente sem os respingos do passado. Se hoje existo, os momentos presentes já vividos, por mim e por todos os outros “cismarão” em me desafiar, tornando meu ser e o meu viver reflexo do que já fui, do que realizei e do que todos os outros também já foram e realizaram.
 
Posso viver sem futuro algum, mas jamais posso existir a margem do que já fui um dia e do que cada momento passado já foi também. Meu momento presente estará para sempre entrelaçado com os momentos passados de todos os outros. Independente? Nunca, mesmo no pensar não sou totalmente independente, posto que sendo muitos, sou reflexo deles todos e não existe consciência que me faça ter o controle de tudo que sou e do tudo que faço, meu subconsciente é um mundo aparte da minha realidade, da minha consciência e do meu livre arbítrio.
 
Sou assim fluídico e mutável, com um cérebro plástico me transformo na força do que experimento, do que viva, do que deseje ser e do quanto ame viver, me transformo pela ousadia de ter um cérebro aberto continuamente a mudanças, todas elas químicas e infelizmente algumas por doenças mentais ou por desequilíbrio químico hormonal, mas sempre e eternamente mutável é o nosso cérebro e, por conseguinte, nossa mente e nossos “eus”, algumas vezes para melhor e infelizmente outras para pior.  Cabe-nos viver da maneira mais humana e social possível, mas cabe-nos a certeza de que jamais seremos donos de nós mesmos, do que somos, do que pensamos e do como agimos, mas isto não pode ser utilizado como desculpa, continuamos assim mesmo responsáveis por todos os atos que pratiquemos. 

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 05/06/2012
Código do texto: T3706529
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