Os invisíveis
Hoje estava aguardando um ônibus no terminal rodoviário de nossa cidade e lá estava um homem cego pedindo esmolas, um desses "tipos humanos" conhecidos aqui de Itapajé. Ele estava na porta do ônibus com a mão estendida e cantava canções antigas com uma voz meio cansada como que para retribuir as ofertas. A maioria das pessoas passava despercebida por ele. Várias pessoas iam e vinham e ele permanecia ali, ignorado, inclusive por mim que não fiz nada além de observá-lo. Fiquei imaginando o que deve ter levado ele e tantos outros aquela situação, afinal ninguém nasce esquizofrênico, drogado, bêbado, pedinte... Todo mundo um dia teve sonhos, projetos, ainda que aparentemente modestos, mas de muita importância para o coração em que nasceram. Todo mundo um dia teve um alguém: seja um pai, uma mãe, um irmão, um filho, um amigo, ou um amor! As vezes tratamos esses moradores de rua como um monumento que faz parte da nossa cidade, uma casa antiga, um banco de uma praça... não lembramos como e quando eles apareceram ali, de repente eles somem da mesma forma que surgiram, deixando algumas pouquíssimas pessoas compadecidas, alguns boatos temporários e caindo no esquecimento. Sei que não tenho recursos financeiros para ajudar essas pessoas a mudar o curso de suas histórias, mas a partir de hoje as verei com outros olhos, com mais respeito e consideração, afinal, são seres humanos que diferem de mim apenas em um detalhe: OPORTUNIDADE!