CERCA
Cerca-me o limite das coisas: a inexpansabilidade comprimida das formas.
Olho a mesa do jantar e o detalhe de um copo de água, por exemplo, inquieta-me. Deveria bastar. Está ali para bastar. Bastar e acalmar a sede. A essência e o conteúdo , de fato, me acalmam, mas porque a água me absorve, muito mais do que eu a ela. Entretanto, a quietação material a que os conteúdos obrigatoriamente se inserem continua a me atingir na presença de todas as coisas que me cercam, e o copo sobre a mesa, ou corpo de vidro, vazio ou cheio, é sempre uma presença estática, cujo único movimento possível é o de quebra ou esfacelamento.
O mesmo me acomete na tentativa de escrever ou falar. Por mais se faça uso das palavras, a comunicabilidade não flui, porque palavras são revestimentos, são formas, são compressões da realidade , das vontades, das verdades. Na melhor hipótese, palavras são transparências que revestem a mente. Porém, são incapazes de fluírem sem que se faça um rompimento. O conteúdo da mente, eu sei, necessita de invólucros, de células, massa cinzenta, neurônios nervosos, palavras, razões, racionalizações. Contudo, a consciência não convive com a estática. A consciência me absorve mais do que eu a ela , e o desespero do pensamento por expansão e quebras transborda-me por um mundo de incompreensões.
Pode a água quebrar o copo? Pode a mente estilhaçar a linguagem ? Toda limitação chama-se ignorância e a ignorância me cerca e comprime . Até que alguma fluidez se derrame pelo mundo e ao mar se dê o nome de conhecimento, nenhuma água ou palavra sacia minha sede cristalizada de sal.
Cerca-me o limite das coisas: a inexpansabilidade comprimida das formas.
Olho a mesa do jantar e o detalhe de um copo de água, por exemplo, inquieta-me. Deveria bastar. Está ali para bastar. Bastar e acalmar a sede. A essência e o conteúdo , de fato, me acalmam, mas porque a água me absorve, muito mais do que eu a ela. Entretanto, a quietação material a que os conteúdos obrigatoriamente se inserem continua a me atingir na presença de todas as coisas que me cercam, e o copo sobre a mesa, ou corpo de vidro, vazio ou cheio, é sempre uma presença estática, cujo único movimento possível é o de quebra ou esfacelamento.
O mesmo me acomete na tentativa de escrever ou falar. Por mais se faça uso das palavras, a comunicabilidade não flui, porque palavras são revestimentos, são formas, são compressões da realidade , das vontades, das verdades. Na melhor hipótese, palavras são transparências que revestem a mente. Porém, são incapazes de fluírem sem que se faça um rompimento. O conteúdo da mente, eu sei, necessita de invólucros, de células, massa cinzenta, neurônios nervosos, palavras, razões, racionalizações. Contudo, a consciência não convive com a estática. A consciência me absorve mais do que eu a ela , e o desespero do pensamento por expansão e quebras transborda-me por um mundo de incompreensões.
Pode a água quebrar o copo? Pode a mente estilhaçar a linguagem ? Toda limitação chama-se ignorância e a ignorância me cerca e comprime . Até que alguma fluidez se derrame pelo mundo e ao mar se dê o nome de conhecimento, nenhuma água ou palavra sacia minha sede cristalizada de sal.