Sou mental (espiritual).
O dito (popular) “basta estar vivo para morrer” é uma dessas frases que deixam a desejar... Se ela é tão logicamente perfeita as Certidões de Óbito trariam no campo da causa da morte: -“estava vivo”. O que passaria a ser irônico...
Como vemos em “A Faísca, Eu, e Nós”, a cadeia causal (a relação de causa e efeito, ou relação de causalidade), deve ser circunscrita às causas antecedentes (no processo indutivo) limitadas aos fatos próximos e importantes de acordo com o “bom senso”, sob pena de ter-se que, por exemplo, processar o dono de uma mineradora de ferro (e os seus funcionários) que produziu esse minério que deu origem ao revólver que foi instrumento de um crime... Neste mesmo sentido, estar vivo teria como conditio sine qua nom, como causa essencial da minha existência a existência dos meus pais, avós, trisavós etc., sendo eles os “reais protagonistas” de todos os meus atos, pois, sem eles eu sequer estaria vivo. Também irônico...
O Homem não se alimenta como os demais animais. Controlando a sua pulsão (“instinto”) não leva o alimento à boca “simplesmente” porque tem fome. Idem, não tem relação sexual porque “sentiu vontade” de tê-la... e quando age assim se nivela aos animais em geral, por instinto, ou qualquer outro fator psicológico.
Na nossa cultura, revendo a cadeia causal sobre a minha existência com vida, não nasci da relação sexual havida entre meus pais. Isto foi uma consequência da relação mental (espiritual, ou psicológica) havida entre eles a partir de certo “espaço de tempo” (namoro etc.) em que, reciprocamente, se dedicaram a demonstrar suas personalidades, dignidades, morais etc., sem haver o contado corporal-sexual. A relação sexual, no caso, foi o resultado da confirmação da relação mental (espiritual, ou psicológica) havida entre o meu pai e minha mãe...
Logo, não é nenhum exagero afirmar que sou um ser (essencialmente) mental. Ainda porque [v. “A Faísca, Eu, e Nós”], à exclusão dos atos reflexos, não saio por aí atabalhoadamente fazendo as coisas sem projeto... Sequer frito um ovo sem antes pensar em como fazê-lo... nem se envia uma nave ao kósmos na prática sem antes haver a teoria (processo mental-intelectual)...
Ass. Rodolfo Thompson – 01.6.2012
Ps. Não me refiro às exceções tais como a “gravidez indesejada”, a “proveta”, o estupro... nem a outras culturas em que se “negocia casamentos com dotes”... E, mesmo assim, a recém-nascida terá a mesma característica de ser mental.
Ps. Esse texto é uma curiosidade que integra o meu livrinho “À Nossa Família (Curiosidades e Lembranças)”.