RIOS EXÍGUOS
Os rios escorregam ensandecidos
Vagam em direção ao mar
Vencem espumas, brumas, enxames
Ruidosos pelos desertos, florestas e chapadas
Engolidos pelas corredeiras e canhões
Dissecados pelos pescadores e faiscadores
Desnutridos pelos tratores e agrotóxicos
Tanto sangue em suas veias
Tentam não se esvairem
Tentam respirar, saudar as árvores
Espiar o sertanejo perplexo
E saciar a sede
Daqueles que secam suas últimas gotas
Chorosas esvaindo na torridez do sertão.