Nenhuma forma de amor

Quais sacrifícios são justificados em nome do amor? O amor pode se manifestar apenas de uma única forma, ou deve-se compreender que o sentimento pode ser expresso nos mais diversos sentidos e maneiras?

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Vivemos em um mundo de aparências...amamos o que a mídia nos ensina a "ler/ver" como belo e por isso a atração que vem como o princípio.

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Não somos capazes de amar como os cegos, de amar por sensações, de amar pelo toque, pelo cheiro, pelo sorriso que a outra pessoa nos proporciona...

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Vivemos em um mundo de preconceitos...amamos o que a religião e a educação normativa nos faz "crer/ter" como certo e por isso nos encaixamos em um modelo de convencionalidade e moralismos unilaterais mesmo quando nos dizemos "livres".

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Não somos capazes de amar a essência ou o conteúdo, pois estamos sempre nos preocupando com o gênero, com o "ideal", mesmo que ás vezes não seja o bastante.

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Vivemos em um mundo de grades invisíveis...amamos o que nos oferece mais segurança, o que nos é mais confortável, o que nos é mais consensual e por isso nos deixamos ser infelizes a maior parte do tempo.

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Não somos capazes de amar por nós mesmos, amar sem ter que prestar contas à uma sociedade que não paga nossas contas. Precisamos ostentar nossa conquista, nosso sucesso e sermos aceitos.

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Vivemos em um mundo de mentiras...amamos dizer que a verdade é o que nos faz bem, mas ao final mentimos para nós mesmos e ostentamos falsas imagens na vida exterior que contradizem nosso interior fragmentado.

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Não somos capazes de perceber o quanto de desencontro causamos à nós mesmos e quanto de infelicidade vivenciada é resultado de nossas próprias ações buscando utopias inalcançáveis e desperdiçando oportunidades concretas.

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Não sabemos amar, não sabemos amar nem à nós mesmos que dirá aos outros. Só sabemos fingir, mas nem bons atores nós somos, por isso essa angústia, essa aflição e esse vazio que nos corroem e nos mantém na solidão muito mais infinita que a chama de uma vela.