Lições do mar – enfrente seus medos

Como tudo na vida, existem os pontos favoráveis e os desfavoráveis.

Esta semana vou continuar escrevendo sobre as lições que o mar me deu.

Vou evidenciar mais os aspectos desfavoráveis de morar em um veleiro. Em outro pensamento, vou evidenciar os aspectos favoráveis.

Como citei em pensamentos anteriores, meu veleiro Stormy me ensinou muito, o mar me ensinou muito.

A lição mais aterrorizante é quando se enfrenta uma tempestade.

Se nesse momento não existir um abrigo que se possa entrar com total segurança, o procedimento é ir o mais longe possível da costa.

Ela evita que o veleiro se choque com algum ponto da terra.

É muito difícil para um ser terrestre tomar essa decisão.

No começo eu era resistente a me distanciar, queria ficar perto da costa.

Quando quase perdi meu veleiro em uma tempestade, mudei de ideia para sempre.

Estando o mais longe possível da costa, deve-se usar uma técnica chamada capear.

O veleiro deve ser colocado com a bochecha para as ondas. Diminui-se as velas para ele navegar acompanhando as ondas em velocidade baixa.

A primeira vez que tentei capear estava com medo, não é muito fácil ficar esperando uma tempestade em alto mar, para ver se uma técnica funciona.

No momento que a tempestade chegou eu coloquei o veleiro para capear.

Stormy começou a acompanhar o balanço do mar, estava seguindo o mesmo ritmo.

Eureca, eu tinha entrado no ritmo do mar, não sabia que era tão gostoso enfrentar uma tempestade.

Só tem um pequeno detalhe, às vezes ela demora alguns dias.

Navegar em uma tempestade pode ser doce e suave ou pode ser amargo e duro. Tudo é uma questão de ritmo, tudo na vida é assim. Se você não entrar no ritmo vai sofrer.

Nesses dias de tempestade eu gostava de refletir, pensava em minha liberdade, no ângulo de visão que temos da vida, na solidão, no quanto somos pequenos.

Às vezes durante a noite na tempestade me sentia só, preso dentro de um veleiro, no meio do oceano, com um indefeso barquinho. Mas quando pensava na razão de tudo aquilo, sentia que o mar era minha casa, que o Stormy era o meu lar, que navegava livre com Deus me acompanhando, fazendo o que eu amava.

Acho que um dos maiores desconfortos que eu tinha era na hora de dormir.

Colocava meu relógio para despertar a cada 20 minutos.

Eu tinha que acordar e olhar para fora e verificar se não estava em rota de colisão com algum barco.

Depois voltava a dormir.

Existe dificuldade de se conseguir água e diesel. Não se tem um posto em cada esquina, aliás, não há esquina.

Para ir até a terra o bote deve ser lançado ao mar, o motor deve ser instalado e aqui vamos nós (isso quando o motor pega).

O balanço do mar é constante, ainda bem que não enjoo (apenas quando como Baconzitos com Fanta Uva e como sobremesa bolacha recheada).

Como não tinha muita água, para tomar banho tinha que me lançar ao mar, voltar para o cockpit, me ensaboar, voltar para a água para tirar o sabão, voltar para o cockpit, jogar 5 litros de água doce no corpo e pronto estava de banho tomado. A dificuldade era tomar banho no inverno.

Penso que o nosso maior inimigo é o medo.

Eu sempre tive dentro de mim que o oposto ao amor é o medo, não é o ódio como muitos pensam.

Enfrente uma tempestade em alto mar sozinho e vai entender o que quero dizer.

Sempre me perguntam por que eu quis passar por tudo isso.

Os pontos favoráveis eram superiores aos desfavoráveis.

Eu sou apaixonado pelo mar e pelos veleiros.

O desconforto passava despercebido, nada me incomodava profundamente eu gostava de ser aluno do mar, do meu veleiro.

Quando se toca o perigo, quando se confronta com a insegurança e quando se está em risco, existe um baque no ser. Nesse momento existe o crescimento espiritual.

Eu preferi me arriscar na insegurança, que permanecer seguro, acomodado com medo da vida, com medo de errar, com medo de sofrer, com medo de ter medo, com medo de morrer, com medo de viver.

Depois que se vive isso tudo, nasce a esperança, o amor, a segurança, a confiança e a vida.

Enfrente seus medos e deixe-os para trás.

Abraço a todos,

Beto Pupo

Beto Pupo é um nômade que vive no mundo há 10 anos.

Já morou em um veleiro, em um Jeep e há 6 anos vive em seu motor home. Atualmente escreve livros digitais e é um E-book designer.

Suas crônicas são baseadas na vivência que adquiriu neste período nômade

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Enviado por Beto Pupo Ebooks em 26/05/2012
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