Os abismos que nos separam

A verdade é que eu desliguei o modo gostar, sempre que gosto; não posso, não devo, não vou ficar, é terrível pensar que não vou, é terrível também quando não consigo, as vezes de um lado me sinto chamado pelo lado que estava antes, sim, é demoníaco.

Não, não seria, o que seria ganho com isto? Ademais, minha imaginação é assim tão fofa e extensa por que é o instrumento de proteção do seu pretender, você sempre pretende, vocês sempre pretendem, eu na verdade não sei nada sobre até hoje...só sei que antes de você pretender, eu já imagino você pretendendo, pra você isto também deve ser demoníaco.

Todas as vezes que eu virei as costas pra alguém, não foram poucas, milhares delas - é por que eram imperfeitas, não sei por que, não as suporto, aquele pretender, aquelas faltas, aquelas falhas, não sei explicar, a busca infernal pela perfeição que me persegue nunca acaba, e assim, elas vão passando por minha vida, várias delas, que sequer vão entender o que eu estou escrevendo, está muito além.

No mais, o que podem fazer é olhar pra si, olhar pra mim, e me diminuir, sozinhas, ou juntas, sempre elas apenas, por que as melhores sempre estão comigo, do meu lado, atrás de mim, na minha frente, nunca fora deste círculo de carinho e confiança...e o que isso tem a ver com a vaga lembrança do modo gostar? É que eu até cheguei a este ponto com a maioria, mas a decepção é do tamanho dos abismos que nos separam.

Clóvis Correia de Albuquerque Neto
Enviado por Clóvis Correia de Albuquerque Neto em 24/05/2012
Código do texto: T3686600
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