Refúgio

"Tenho vontade de sumir. Mas isso não resolve os problemas. Embora as pessoas teriam que resolver problemas os quais estão acostumados que eu sempre resolva. Tenho vontade de pegar o carro e sair por essas estradas... sem rumo, mas o carro nem no meu nome está, e logo poderiam dizer que o roubei... Poderia dizer, "subir em um avião sem destino", mas nem em um avião eu nunca entrei... ou quem sabe "mudar de estado ou pais", mas até mesmo isso não sei o que é, pois sai do estado por duas vezes somente, outro país tão pouco... Amigos, meus? Nem sei se os tenho... ou seriam dele somente? Trabalho, muito, mas emprego ou salário, nenhum... ou vários sem remuneração... E ainda escuto palavras ásperas, rudes, machucam e corroem por dentro... Sou o capacho no qual pisam e limpam os pés... Quero estudar, não posso. Quero ler, implicam. Quero aprender, não deixam. Vivo em uma prisão com grades invisíveis... onde tudo me é solicitado, mas nada me é permitido. Vivo nesse cárcere, onde apenas os pensamentos voam livre. Em pensamentos, em sonhos, vou para longe, em um "oásis" distante e belo, e é nesse refúgio, que sou livre, que sou eu. Lá sou autêntica, sou verdadeira, sou amada, simplesmente... até esse "oásis" se tornar uma miragem... Mas, enquanto puder sonhar, enquanto puder "fugir" em pensamento, vou deixando tudo acontecer, pois meus sonhos ainda não foram acorrentados e minhas lágrimas ainda correm livres..."