“Como um Pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece dos que o teme e, os livra”.

Esta semana presenciei uma cena no mínimo curiosa. Era mais ou menos 21:00h, estava caminhando ao redor do Lago, uma paisagem linda, diga-se de passagem. A iluminação refletida nas águas escuras contribuíam com o tempo frio, o que resultou em um lindo cenário para namorados, crianças, idosos e famílias que passeavam por ali.

Confesso que estava bem distraída, observando o movimento das águas quando avistei um senhor, que aparentava ter uns quarenta anos, cabelos grisalhos e sorriso tímido atravessar a rua com sua filha, que devia beirar os oito anos de idade. A menina, ao contrário do pai, possuía um sorriso largo e contagiante, um lindo vestido de algodão com flores amarelas, cabelos cor de mel que batiam em seus ombros e um enorme pirulito que era provavelmente o causador de manchas vermelhas de açúcar em suas bochechas.

Ao observar aquele lindo momento de pai e filha, escutei a criança resmungar ao seu pai, acusando-o: “O senhor disse que eu podia soltar a sua mão!” E, em seguida ouvi a defesa do réu: “Sim, eu disse que você podia soltar a minha mão, mas não disse que eu iria soltar a sua...”.

Parei, refleti. Fiquei com essas palavras em minha mente durante o resto da caminhada. E, pensei muito em como isso se compara conosco. Por diversas vezes ao atravessarmos as ruas que a vida nos propõe, achamos que estamos espertos o suficientes, que já crescemos o bastante, e falamos ao nosso Pai: “Olha, o senhor pode deixar, eu vou soltar de sua mão, pois já sei atravessar este trecho. Vou chegar sozinho ao outro lado...”

Tolice a nossa! Pensamos que estamos sós, mas na verdade nosso Pai nunca largou de nossa mão. Ela está ali firmemente agarrando a nossa, se preciso segurando até mesmo em nosso pulso para não nos deixar escapar. Não percebemos, mas o sorriso tímido do Pai não é apenas para mostrar-se adulto ou responsável, pelo contrário, o pai sorri com timidez, pois ao mesmo tempo em que se alegra ao ver a felicidade dos filhos ao saborear um doce, percebe o perigo que os envolve, e por isso, precisa estar atento a tudo isso, por outro lado, nós andamos despreocupados, pois de alguma forma sabemos, que haja o que houver Ele sempre estará ali para nos proteger.

Há um hino cuja letra retrata muito bem isso que estou dizendo, é mais ou menos assim “Quero ser como criança, te amar pelo que és, voltar à inocência, e acreditar em ti. Mas às vezes sou levado, pela vontade de crescer, torno-me independente e deixo de simplesmente crer...”. É impressionante como temos essa mania de querer crescer, de querer ser independente e autosuficiente. E isso acontece com todo mundo, quem nunca ouviu a frase de uma criança: Quando eu crescer... Quero ser adulto... Quando eu ficar velho... Todos ansiamos por este momento... O engraçado é que, quando ele chega, nos arrependemos e queremos voltar a ser criança.

Todo, ou quase todo, adulto já falou consigo mesmo ao ver uma criança brincar: Que vontade de voltar a ser criança... é engraçado, controverso, mas é a realidade. Passamos a infância inteira querendo ser adulto, e quando finalmente isso ocorre, queremos voltar a ser criança. A questão é que naturalmente não podemos fazer isso. Não dá pra voltar a ser criança, abandonar as responsabilidades e ficar esperando que alguém providencie algo para nós. Agora, por mais que queiramos a companhia de alguém, devermos atravessar as ruas sozinhos, neste mundo, atentos a todos os movimentos para não sofrermos acidentes. Precisamos nós mesmos arregaçar as mangas e trabalhar para conquistar aquilo que queremos, e a infância fica apenas na memória.

O que me consola, é que diante de Deus sempre seremos eternas crianças. Embora também tenhamos responsabilidades, Ele, como Pai sempre estará ao nosso lado, segurando em nossas mãos, percebendo todos os detalhes evitando acidentes, nos preservando em vida, junto a Ele. E por mais que reclamemos e tentemos fazer as coisas sozinhos, o Pai irá nos auxiliar, de forma sutil às vezes, mas estará nos ajudando. Quem nunca viu um pai ajudando o filho a carregar algum peso, executar uma tarefa, mas sua ajuda é tão sutil que o filho ao terminar se sente o maioral, e fala pra todo mundo que foi ele quem fez aquilo? Quando na verdade o pai estava junto em todo momento...

Meu pedido é que posamos perceber isso, e agradecer ao Pai celeste por nos proporcionar tamanha segurança, e por não soltar nossas mãos por mais que peçamos isso insistentemente.

Kelly Priscila

27/03/2012

9:54h

Café e Leitura
Enviado por Café e Leitura em 21/05/2012
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