A minha garganta.
A garganta dói. É uma espada cortante dilacerando a mesma.
O peito incha. É o choro preso procurando espaço.
Os olhos marejam. Refletem a tristeza.
Ela está sozinha. Não tem por quem lutar e não há quem lute por ela.
Todos, animais. Somos todos animais. Não existe espaço para bons sentimentos.
Pessoas más. Você também é uma pessoa má. Tenho vergonha de você.
Sua dor não tem razão de ser. Afinal, você é completa! Excelente trabalho; excelentes amigos; excelente amor. O que há com você?
A garganta ainda dói. Você não gosta de ninguém. É isso. Adora fazer-se de coitada. Fazer-se de puritana. Porque não se revela, sua débil mental! Sua farsante. Está tristinha? Poupe-me.
Espero que sua garganta tenha um câncer e que sua dor a mate devagar e lentamente, que você sofra como a pior das miseráveis, que se torne em chagas de carne viva as marcas do peito quebrado e que, seus pensamentos torpes a levem ao desespero máximo, a um suicídio tão baixo o qual nem piedade cause. Eu odeio você. E você jamais me fará falta. Morra antes, é bem melhor do que morrer agora.
Mas enquanto você não me dá o inenarrável prazer de perceber o seu corpo sob sete metros, digo-lhe: levante-se, sua horrorosa criatura, coloque aquele sorriso farsante nos lábios, coloque um batom, coloque um jeans. E continue a demonstrar que está tudo bem.
A garganta, que ainda dói, é sua. Pouco me importa com ela!