Duas Visões

Pensar em tudo o que já passou às vezes pode ser desperdício. Ficamos em um dilema de ser ou não ser, de pensar que tudo o que fizemos foi o bastante ou não, que tudo o mais está a nosso favor ou não...

Em meio a diversas incongruências ficamos a mercê de nossos sentimentos que, por vezes, nos fazem pensar que jamais fazemos o suficiente e que nunca será o bastante.

Critério de cada um, mas cá entre nós, idiotice por idiotice, fico com a paz de espírito, pois retirando fantasias de momentos extremamente perfeitos que jamais ocorreram, resta apenas o sentimento que em diversas ocasiões apresenta-se extremamente confuso e desconexo.

Raciocinar não é uma das capacidades mais utilizadas quando o assunto é sentimento; metemos os pés pelas mãos (isso quando não os metemos pelo cu mesmo). Antes de sermos sinceros somos sentimentais, deixamos a situação nos controlar e assim vamos seguindo cada vez mais para o abismo da estupidez que milhares e milhares todos os dias jogam-se e depois, durante a queda, começam a raciocinar e finalmente pensam: Por que mesmo eu fiz isso?

Os motivos já não mais convencem da mesma forma, tudo parece um caleidoscópio de emoções, e normalmente sempre há alguém novo na história, alguém que as vezes ajuda ou atrapalha na decisão, tudo, mesmo, varia do ponto de vista...

Amor descabido, tesão latente, ódio arraigado em diversos níveis, gosto apurado pro sofrimento e um belo molho para coroar tudo: pensamento individualisticamente egoístico.

Pronto! Está pronta a fórmula perfeita para um desgaste mental e físico que alcançará níveis estratosféricos e deixará marcas permanentes tanto nesse invólucro humano que muitos observam, quanto em uma alma já sem forças pra tentar algo mais.

Parabéns, agora já pode ser incluso no seleto grupo de seres humanos "racionais" que fazem uma coisa incrivelmente desagradável e estúpida.

Parabéns! Agora você vive...

(Por SheepSSS)

...E ama! Um amor solitário e sangrento. Correspondido por tempo pré-determinado por uma força maior. Você conhece alguém, dá chances, se sacrifica para estancar as feridas de amores anteriores que essa nova pessoa traz na bagagem, e quando as feridas dela cicatrizam, ela se vai, e te deixa sangrando. Chega um novo alguém, que por você se sacrifica, dá o sangue, te deseja, dá chances, seduz, te ama, mas não; a cicatriz está parcialmente fechada, e a pequena parte que está aberta arde e o lenitivo para a dor é justamente buscar MAIS dor, em outros corpos, estancando umas feridas aqui e abrindo outras ali, num masoquismo de alma e sadomasoquismo de almas sem fim.

Caímos diariamente em contra-senso. Desejando outros corpos, outros gemidos, criando quimeras utópicas que fazem o sangue ferver.

Queremos abraços fortes, queremos alguém pra dividir um sofá, uma cama, um travesseiro, uma pipoca, um banco de praça, a conta do restaurante, a conta do motel, o lençol quadriculado de branco e vermelho que é estendido na grama do parque.

Queremos tapas, mordidas, puxões, arranhões, lambidas no pescoço, no peito, na nuca, dentro da orelha, no pau, na buceta, no cu.

Optamos por passar um sábado à noite em casa assistindo um filme romântico com as pernas enroscadas a cair na noite empesteada de hormônios.

Optamos por passar um sábado à noite em locais empesteados de hormônios, com bundas redondas e costas largas a ficar em casa assistindo filmes românticos com as pernas enroscadas.

Queremos que nos liguem, que lembrem de nós, que cuidem de nós, que demonstrem amor, carinho, ternura, alegria, tesão. E nos sentimos magoados quando não atendem as nossas expectativas. A carinha de cachorro que caiu da mudança é usada.

Queremos que não nos liguem. Que nos esqueçam, que não demonstrem nada, porra nenhuma, porque se demonstrar, aí é que a gente vai pisar, se irritar e pegar nojo; deixaremos a merda da ligação cair na caixa postal, a porra do e-mail vai mofar como não lido e as respostas às perguntas estupidamente dotadas de imbecilidade serão ríspidas e machucarão. A cara de cu é usada.

É difícil, o adubo que nutre este campo da vida é justamente a dialética de responder com perguntas AS perguntas que fazemos a nós mesmos.

Nada dura para sempre.

A única certeza é o fim.

Amor é amor.

Sexo é sexo.

Sexo é amor.

Amor é sexo.

Esta é a vida!

Você vive. E está sujeito...

19/11/2009

Rafael P Abreu e SheepSSS
Enviado por Rafael P Abreu em 20/05/2012
Código do texto: T3678963
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