Espírito de porco e espírito de santo?
-“Hoje eu fiz uma imensa bobagem, prejudiquei alguém... sou um espírito de porco”! De certo, naturalmente, você me perguntaria: -“qual”?
-“Hoje fiz uma coisa genial, consegui extinguir a dor-sofrimento de alguém... sou um espírito de santo”! De certo, naturalmente, você me diria: -“presunçoso”!
O que se passa com a percepção – generalizada − no sentido de que ser um espírito de porco (e esta expressão tem o mesmo significado, por exemplo, em francês – l’esprit de cochon ou l'esprit de porc) para rebaixar ou diminuir é natural, mas ter espírito de santo para enaltecer ou elevar é incabível, é uma soberba (senão um “pecado”)? Numa cultura em que o Homem é “pó”, “não vale nada”, como entender, e pôr em prática, Gênesis 1,17: - “Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher”. Como entender, e pôr em prática, Mateus, 5,48: - “Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito”. Como entender, e pôr em prática, Efésios 5,1: -“Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos muito amados”?
Como entender... e porque o rebaixamento do Homem tem lugar de destaque principalmente por pessoas e nos “lugares” onde deveria ser exaltado, quando revela I João 4,21: - “Temos de Deus este mandamento: o que amar a Deus, ame também a seu irmão”; quando o Homem, repetindo, não passa de pó, e não pode valer nada?
É muito óbvio, e sem dúvida, que perante Deus o Homem é pó, e nada vale [Jó], mas será que Deus quer que consideremos o Homem assim?
Quem tem a “coragem” de dizer (exteriorizar) –“sou um espírito de santo” -, sem sofrer a mais ácida crítica? Ninguém... mesmo que isto possa acontecer e seja uma realidade fática!
Ora! Se dentro da minha (mais que normal e natural) falibilidade eu posso em “alguns minutos” causar o mal a alguém, porque não posso, nem que seja dentro deste mesmo espaço de tempo causar o bem? No primeiro caso, estou dentro das “expectativas”: sou pó e não valho nada. Na segunda, estou também dentro das “expectatrivas”: sou soberbo, sou presunçoso, egocêntrico...
Entretanto, se Deus não faz acepção de pessoas, quem ousará fazê-lo? Confira em Deuteronômio 10,17 -“porque o Senhor, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e temível, que não faz distinção de pessoas, nem aceita presentes”; e exaltação da pessoa em Romanos 2, 9-11: -“Tribulação e angústia sobrevirão a todo aquele que pratica o mal, primeiro ao judeu e depois ao grego;10. mas glória, honra e paz a todo o que faz o bem, primeiro ao judeu e depois ao grego.11.Porque, diante de Deus, não há distinção de pessoas”.
O que falo não falo com a intenção de criar criar confusão! E tem o único e exclusivo propósito de enaltecer o Homem, remetê-lo ao seu orgulho de ser o que é sabendo e sentido que pode (e deve) causar o Bem, e que pode (e deve) considerar e considerar-se, sem culpa ou receio, mais um Espírito de Santo, e que pode até mesmo fazer milagres –“Estendei a vossa mão para que se realizem curas, milagres e prodígios pelo nome de Jesus, vosso santo servo” [Atos dos Apóstolos 4,30] −, nem que seja por alguns “segundos”, e quando Deus quiser - Salmos 89, 4 (Bíblia Católica). Salmos 90,4 (Bíblia Evangélica). II Pedro 3,8. Tiago 4,15.
Bjs!
Rodolfo Thompson – 17/05/2012