A angústia do ser

Todos sabem que dores das mais diversas espécies são sempre passageiras.

Porém, as marcas que algumas deixam de maneira quase imperceptível na essência de nosso ser, são traumáticas e altamente nocivas.

As dores físicas são na maioria das vezes causadas por fatores materiais, e o tempo encarrega-se de curá-las restando no muito algumas cicatrizes.

Agora, as dores da alma que nos estraçalham o ser e não nos permitem ao menos um alivio passageiro, são por demais cruéis e profundas.

O pior sentimento que pode acometer uma pessoa é a angustia, esta sensação de impotência perante os problemas que não possuem pelo menos em curto prazo uma solução aparente.

Angustiar-se é sentir-se esvair em lágrimas de dor e insegurança, é permitir que todas as incertezas da vida venham a tona, afogando-se em medos e preocupações.

A vida deveria ser um suave caminho a ser percorrido, mas a realidade dura das provas existenciais afasta de forma rígida qualquer devaneio neste sentido.

Em momentos em que o amanhã representa mais um motivo de preocupação do que uma esperança de satisfação, a angustia se instala de maneira soberana e autoritária esmagando sob seus pés a felicidade e a vitalidade do ser.

As lágrimas de um ente querido em sofrimento possuem a força de uma correnteza selvagem, que varrem de maneira catastrófica toda e qualquer aspiração à felicidade que se possa ter.

O único remédio existente para uma alma angustiada é a esperança em dias melhores, vislumbrando um amanhã com novas oportunidades e a certeza de um novo porvir, que como tudo o que nasce puro e inalterado pode ser mais feliz e renovador.

Cada lágrima perdida é como uma camada a mais, a revestir a já calejada existência, nesta viagem sem destino definido e cercada de incertezas, chamada vida.