A FACE DA MENTIRA

Ao ler o belo poema “Senhora Presidenta” da professora Tânia Meneses ocorreu-me de perguntar o seguinte: Livramo-nos de toda a horrenda opressão e ganhamos muito justamente uma democracia. Mas afinal, o que de fato obtivemos com essa troca?

Quem roubou e rouba sistematicamente este país? Foram-se os generais desumanos e autoritários e em seu lugar ficou um punhado de ladrões desmascarados e sem a mínima vergonha que instalaram-se de vez na vida cotidiana do povo brasileiro.

Como explicar agora aos meus filhos e netos que vivenciamos lá no passado um tempo pior do que esse que hoje eles assistem?

Dirão os mais “perseguidos” e que hoje aí estão a “mamar nas tetas de uma vaca fabulosa” que ganhamos o direito da voz, o direito da opinião e ganhamos liberdade. Tudo isto é uma deslavada e cretina mentira. Tudo isso é o que querem fazer acreditar os jovens de hoje com essas promessas de “futucar” a verdade. Eles ganharam sim, a liberdade para cometer atrocidades das mais terríveis contra o cidadão. Nós não ganhamos nada.

Melhor, muito melhor, diga-se, seria averiguar cada centavo desviado do cidadão brasileiro e rastrear seu escuso destino, punindo todos os tipos de culpados que vivem no percurso da impunidade.

Até onde eu sei e pouco sei, a ditadura não acumulou riquezas. A não ser a ditadura religiosa. Ao contrário, a tão decantada democracia fez e faz algumas fortunas quase que diariamente e bem abaixo dos nossos narizes libertados e com direito de opinião. Os bravos “heróis da resistência”, sobreviventes do caos, aí estão, ricos e poderosos, mais poderosos até que os mais poderosos daquela famigerada época.

Eles, os poderosos de hoje, tentarão a todo custo nos explicar que de lá para cá muita coisa mudou e que é estritamente e moralmente necessário estabelecer a verdade dos fatos, quando verdade única é que absolutamente nada mudou, a não ser o semblante descarado de quem nos mente.