Reflexo afro-dourado
Foi no gerais... na fazenda Araras,
Quando o sol se punha por detrás dos arbustos...
Na passagem da vereda
Um rancho pobre de posseiros
Ali se esconde uma família de negros.
Dois jovens sem camisa espelhavam
a cutis da descendência bantu.
O mato em volta, quase escondia o rancho beira-chão.
Aqueles jovens sorriam olhando
o pouco horizonte, descortinando
com o sorriso os dentes brancos que se
destacavam em meio a face negra.
Quando passava, naquela estrada estreita,
vi algo de belo: os raios solares do final da tarde
acrisolava o rebento da natureza
e uma cor diferente tremeluzia sobre a cabeça
daqueles jovens e, “uma espécie de auréola dourada”
circuncidava aquelas mentes de pequenos horizontes,
limitadas pela falta de oportunidade para o
encanto da cultura orgânica.
Foi no gerais... lá pelas bandas dos posseiros das araras
que meus olhos contemplaram aquele fenômeno
ilusório pela ótica do subjetivo.
Alguma coisa certamente foi plasmada:
aquele reflexo pode ser real no universo
simbólico daqueles negros:
A ESPERANÇA DA VERDADEIRA ABOLIÇÃO.
(Assentamento Araras/Marupiara, 02/05/2001)