Colapso
Sinto minhas veias pulsarem. Minhas mãos tremerem. Tenho vontade de enforcar, estrangular, socar. Mas sei que preciso chegar ao fundo do poço pra encarar a derrota de frente, olho no olho, e entender: porque comigo e porque por tanto tempo. E preciso parar de usar esses míseros curativos feitos de pequenos bons momentos para feridas inflamadas, sangrentas, abertas, necrosadas e podres, que qualquer pessoa que chega perto pode sentir o cheiro. E às vezes até infectar-se com meu azar e com toda a derrota que vem de brinde. Vou tentar, mas nós sabemos que não mudará. Sou só mais uma infeliz reclamona que sempre volta ao mesmo consumismo barato pra preencher um vazio que só aumenta. A mesma dependência de posse; mesmas pendências de felicidade. Impressionante como presença do dinheiro, assim como a ausência dele, pode nos deixar loucos. Dependentes, anônimos e fracos que sempre negam qualquer tipo de reabilitação. Que sempre voltam ao mesmo consumismo barato pra preencher um vazio que só aumenta. Pra aumentar a sensação de inutilidade existencial. E sentir pena de si mesmo, por saber que nunca vai valer à pena, e mesmo assim continuar a respirar.