Do morrer ou transmutar-se e as indagações sobre o existir.
Morrem-se aos montes lá fora, por toda a parte homens, mulheres, crianças, plantas, animais, enfim a vida. Outra face, ambiguidade do ciclo do existir, nascer, crescer, compreender, ser, esquecer, fenecer, por fim deixar de ser. Tão de repente, imprevisível(mente) se esvai, como tão-logo chega o nascer dum outro dia, inesperado como a próxima nota de um arpejo pela primeira vez posto em contemplação.
Qual linha é o limite da vivacidade? O que existe nesta outra verdade? Por que escorre o rio de destino obscuro? Por fim, não se encontra nada além dum mar de dúvidas. Sinto agora, isso faz do mundo real? Vejo, ouço, sinto o calor do sol e o olor da terra, mas isso, realmente é concreto? Contudo, o que de fato é concreto? Por que precisa ser concreto? Se o mundo em sua totalidade é abstrato por ser ideia, é efêmero por se transmutar, se renovar a cada instante? O que é agora deixará de ser, para compor outro ser no porvir. O que existe coexistirá como parte de um todo no futuro. Então realmente se morre?
A matéria em nossa volta denota a ideia do palpável, logo o palpável é real? Mas por quanto tempo a matéria permanece como matéria? Por quanto tempo nós permanecemos como matéria? Sou agora, logo deixo de ser ou me transformo em outro ser, continuamente estarei em mutação, entretanto até quando?
Rio de Janeiro, 11 de maio de 2012.