Coração, caro coração... deixe de ser bobo.

Tomou em suas mãos duas taças de ocasião com o intuito de enchê-las e servi-las como forma de cortesia à visita inesperada de Orfeu. Ele havia a encontrado com suas velhas roupas - algumas peças até mesmo com pequenos rasgões. Cecília estava absurdamente envergonhada e não sabia como agir; logo, o convidou para sentar ao sofá enquanto ela iria preparar alguma bebida para os dois.

Parada na cozinha, ela não sabia o que o seu ex-namorado - que estava "atual" em seu coração - fazia ali, em sua casa. Seria uma conciliação? Ou só mais uma noite de prazer, sem nada de sentimentalismo envolto? Deixando as perguntas à parte, ela encheu as duas taças e dirigiu-se novamente para a sala de estar. Lá, bateram longos papos e soltaram risadas escandalosas. Quem os via daquela maneira, não deduziria que um dos rasgões na peça que Cecília vestia fora provocado por Orfeu.

O relacionamento dos dois não foi daqueles mais perfeitos e passivos, mas deixara Cecília completamente apaixonada. Matutava em sua cama todos os dias cada um de seus erros e tinha uma enorme vontade de morrer. Ainda sentia a falta dele, e disso ela não poderia fugir...

No final da noite, os dois se olharam profundamente, num olhar tão "caliente" capaz de incendiar o coração de pessoas mais frias que se digam. E, após esse minuto de pura observação, Cecília desviou o seu olhar e disse espontaneamente:

"- É hora de partir, Orfeu!"

O seu amado fico assustado com sua ordem, mas não teve como evitar. Já havia feito coisas "feias" demais com Cecília, ir embora quando ela pedisse era o mínimo que poderia fazer. E assim o fez.

...

Mais tarde, deitada em sua cama, ficou se perguntando por que fez aquilo... por que o mandou embora, sem ao menos um beijo. Talvez o seu coração estaria deixando de ser bobo demais.

Larissa Machado
Enviado por Larissa Machado em 07/05/2012
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