Crenças infantis



Crenças infantis, sejam elas céticas ou sobrenaturais, sejam sobrenaturais religiosas ou sobrenaturais seculares, residem soturnamente adormecidas em nosso cérebro, mesmo em nossa fase adulta, e nos acompanhará até nossa morte, louca para aparecer a qualquer momento, podendo ser naquele raro momento em que relaxamos nosso comportamento crítico/racional, ou mesmo quase sempre para um bom número de adultos. Crenças infantis são muito difíceis de serem removidas, mesmo depois de aprendermos verdades que desqualifiquem nossas crenças infantis, bastará uma ação impensada ou uma distração, para sermos laçados pela velha e adormecida crença. Agora imaginemos a força de uma crença infantil, reforçada ao longo de muitos anos.
 
É importante lembrar que ninguém consegue viver sem crenças sejamos céticos, materialistas, ou religiosos, e isto vale obviamente para mim também, posto que sou como todos. Tudo o que não conheçamos a verdade, ou não tenhamos os devidos conhecimentos, é passível de crença. Crer não é necessariamente errado e é necessário. O que é importante é termos crenças (seculares ou religiosas) lógicas, que se adequem ao conhecimento verdadeiro e que possam ser criticamente analisadas.
Crer no que invalida o conhecimento atual é fanatismo, crer somente pelo coração é fraqueza, crer no conhecimento puro de autoridades, sem que você se esforce em obter visões diferenciadas ou corroborativas, é pura burrice. Não obstante a maldosa mentira por interesses inescrupulosos ou meramente pessoais, mesmo os melhores pensadores, os maiores cientistas, os mais preparados estudiosos estão fadados a errar, e assim crer apenas na autoridade de quem quer que seja, é uma falha humana e uma preguiça irreparável. Certificar-se das fontes e buscar diferentes fontes confiáveis é a forma certa de aceitar crer. A ciência evoluiu a tal ponto que nos é impossível, no dia a dia, certificarmos diretamente, em primeira pessoa, de todos os estudos sérios, mas a metodologia científica verdadeira possui filtros excelentes, que é o da validação por terceiros e o da reprodutibilidade da experiência, somente quando vários estudiosos, independentemente, validam o experimento ou a teoria, é que esta passa a ter o estado de teoria científica. Mesmo neste nível, estamos eternamente e de forma disfarçada, contaminados por todas as nossas crenças infantis, posto desta forma, devemos ter sempre o cuidado de nos certificar que não estamos sendo seduzidos por crenças infantis ou crenças fáceis que nos estejam afastando da verdade, ao invés de nos aproximar dela. 

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 06/05/2012
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