Not This Way. Not Today

Eu gostaria de saber quando minha vida fez essa curva e estacionou nesses dias assim, que eu consumo e me consumo em autojulgamentos em que sou sempre condenado e não há apelação. Querer estar em dois lugares e em duas situações distintas e iguais e peculiares ao mesmo tempo; querer estar em alto mar vendo o sol nascer e querer estar debaixo de um manto de terra úmida, com vermes brancos entrando e saindo do meu crânio através do buraco que fiz e me tirou desse torpor continuo que é subsistir every single day. Não sei mais o que fazer. Queria ser imune a esse negócio de me sentir uma laranja mecânica podre, sabe? De irradiar essa cor vivaz, de espalhar ao ar esse perfume, tudo pros outros, tudo de fachada, quando por dentro me sinto desmoronando um pouco mais a cada hora, dia, semana, mês, ano, enfim, e nunca, nunca, nunca encontrar as palavras certas para sintetizarem essa dor ectoplasmática que sinto, para exorcizarem esses demônios causadores de desânimos; para afastar pra lá, pros quintos dos infernos essa vontade de morrer e/ou me dar o alento suficiente para me manter vivo ou então mesmo me dar a coragem suficiente de me enforcar com os pulsos cortados e soda cáustica no estômago.

(...)

06/05/2012 - 01h00m

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 06/05/2012
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