Das alturas
Para quem é alto, abandonar a montanha não é um desalento, mas uma necessidade. Assim como retornar é lançamento do eterno devir.
Deixar a montanha, assim como deixei o vale, é meu destino. Todos os dias, meu caminho às terras mais baixas não me solapa em dor sem cura, em desequilíbrio. São os movimentos de subir e descer que produzem ventos para o declínio de amanhã, e ainda mais: me fazem morrer e ressuscitar todos os dias.
Dia por dia minha dor e minha alegria gritam forte, para o alto e para baixo. Elas não sabem o que é som em reta, pois o eco é retorno em sua possibilidade necessária.
Se eu não fosse assim, meus pulmões suplicariam por mudar de lugar de vez em quando.
(Luis Cesar Fernandes de Oliveira, 22 de setembro de 2008, 06:49)