A glória da solidão
A mais dura solidão provém da ausência de culpa. Nada mais duro do que ser acometido pelo olhar acusativo da injustiça. Nada menos inoportuno do que saber-se aquém da miséria humana. Somente por ela, a solidão dura, satisfaço meu auditivo silêncio de felicidade.
Meus pés já caminham por conta própria. Minha boca saltita entre a dor e a alegria. Meu canto é de glória. Minha satisfação é de despertar altivos.
Meu peito esguicha a miséria humana em deleite. Me invade a vontade, que já era presente. Meu sono atordoado não me veio mais. Somente a ele digo uma expatriação.
Ao que acalma a alma dedico as palavras finais, e ao que sacia a sede de não encontrar mais os homens. Faço um brinde ao meu ocaso de glória, sem vertigem.
(Luis Cesar Fernandes de Oliveira, Montanha, 16/dezembro/2007)