Amanhecer de novo, novo
Amar quase amanhecendo
Despertar com vontade de procriar
Procriar com vontade de continuidade
Amanhecer lavando o suor do amor
Refrescar a alma que está em chamas
Querer repetir as chamas amanhã
Perceber a escassez de água
Fazer brotar água do chão
Sentir o cheiro de minerais, indistintos na força da água
Saciar a vontade do corpo
Já esquecida a razão das coisas
Saciar a vontade do corpo mais ainda
Ainda em gozo, trazer à tona a infância
Uma mistura de ingenuidade e natureza
Talvez mais próximas e entranhadas do que imagino
Saciar a vida em desejos e prazeres
Sem regra para descrever
Cantar o canto de gozo
Sem ritmo
Sem dor
Esquecer a agitação de comércio
Tornar-me tão perfeito
Tão saciado
A caminho de outro prazer
Esquecer a razão das coisas
Saciar a desrazão das coisas
Satisfazer a irrazão em mim
Esquecer de mim
Ser só gozo
Ser só prazer
Ser só satisfação com o amanhecer
Esquecer à noite
Ainda que outra noite venha
Será para amanhecer de novo
Será para gozar de novo
Será para esquecer
Fazer
Gozar
Esquecer
Retornar sempre esquecendo
Sem dor ou culpa, apenas lavando o suor para fazer de novo, novo.
(13 de outubro de 2007).