Tão Humana

Pra ser bem sincera, não sei nem por onde começar.

O sentimento de ser enganada uma vez me faz sentir vergonha alheia, de quem me enganou. Já o sentimento de ser enganada duas vezes pelos mesmos enganadores e motivos, me faz sentir vergonha de mim.

E um desses golpes se repetiu. Depois de um voto de confiança. Depois de ir contra tudo e todos e apostar na mudança, no arrependimento.

Mas ninguém muda. Somo todos incondicionalmente filhos da grande puta que é a Mãe Terra. Imutavelmente nojentos e egoístas apáticos.

O que resta pra alguém que acabou de ter um ferimento já cicatrizado, aberto? Não sei, mas o que me restou foi sentar na calçada mais distante que encontrei no meu raio de visão e chorar copiosamente. Chorar como uma criança sozinha no escuro. Chorei. Expus todo o meu sentimento de raiva, desilusão e ódio em gotas salgadas que escorriam na minha boca. Fiz questão de sentir o gosto de cada uma delas. Eu soluçava sem parar. Minha cabeça doia. Senti um aperto no peito e ardência nos olhos. O vento gelado secava as lagrimas no meu rosto, mas logo elas tornavam a cair novamente. Chorei. Tremi. Sentimento de raiva e de total fraqueza dividindo o mesmo peito. Fiz algumas ligações. Alguns SMSs. Mas ninguém entenderia. Porque ver sangue te faz desmaiar, sentir-se mal, mas ser o ferido te faz gritar, querer rasgar o peito, querer se jogar em frente à algum ônibus ou da janela daquele quarto de hotel em frente à rodoviária. Pra ver se a dor passa. "Tenta se acalmar", eu ouvia. Enquanto respirava com dificuldade. Minhas lágrimas escorriam pelo meu rosto e desciam até o meu decote, me fazendo sentir calafrios, arrepios, de frio. Antes, amor e ódio e um coração totalmente hospedeiro. Agora, o segundo é tão grande que dominou totalmente o terceiro. E eu lembro que sempre abri mão das minhas vontades pra satisfazer às de vocês. Que sempre falei mais baixo pra escutá-los. Pra entendê-los. E poder, de alguma forma, ajudar. Mas agora é a hora de acertar as contas comigo. De rever conceitos. De fazer sangue-sugas se afogarem no próprio sangue que roubaram, beberam, usaram de forma tão cruel. De forma tão terrível. De forma tão humana...

nes_ste
Enviado por nes_ste em 26/04/2012
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