A Verdade Sobre Mim

Dentro da xícara de café eu vejo um beijo – é o beijo que eu quero amanhã. Amanhã, porque hoje estou meio distante demais tentando adivinhar algo brilhando ao final de um interminável corredor – talvez seja uma estrela, mas pode ser que seja uma boneca vestida de bailarina que arrancaram de mim enquanto eu tentava me desviar de um pensamento obscuro que não era exatamente meu.

Não apenas as estrelas brilhavam – a roupa daquela boneca-bailarina também brilhava.

De certa forma – de certa forma, alguma coisa qualquer a respeito dela precisa ser dita (meus sonhos).

Vou me abster de pensar ou de te ouvir por alguns minutos – eu vou me fechar dentro da música que toca através de um mar que não é azul porque agora, nesse momento, eu estou tentando amortecer a minha queda, pois te perdi.

Às vezes eu mergulho no mar verde ou em uma piscina plantada dentro da grama – eu preciso achar um meio-termo entre sonhar e ser, Ou ter e ouvir.

Talvez eu não queira esse meio-termo – e ao extremo de cada linha há um certo equilíbrio aparentemente precário, mas eficiente como rosquinhas de leite que derretem no chá.

Não, eu não posso cair dentro de nostalgias indiscretas – e eu não sei se a piscina está cheia ou vazia.

Pode estar Vazia de sentimentos ou cheia de idéias tortas.

Mas sei que espero algum nível de profundidade que aparente ser alcançável através de uma transformação sutil em mim.

Aparências (...). Eu quero a verdade delas duas, a verdade do olhar – coisa que nunca pedi porque acreditei simplesmente. E não é para acreditar em gentilezas e delicadezas?

Ou em palavras saídas de um par de olhos verdes?

Meu céu, meu mar (...). A verdade sobre mim é que meu olhar se altera constantemente ou eu mudo a direção de cada novo sentido.

Léia Lanay
Enviado por Léia Lanay em 24/04/2012
Código do texto: T3630727
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