Esses são dias desleais.
Vivo a tropeçar em dias desleais
Que na realidade tentam rasteiras
Por vezes sinto o vento úmido que vem do oeste
E o gosto da sarjeta
Dá uma vontade enorme de chorar
E correr, corre como nunca corri de volta
De vota para onde eu acho que era meu lar
Mas eu não consigo mal me mantenho em pé
Com meus dois tornozelos quebrados
Apesar de toda a dor e desse ar pesado
À vontade real era de resistir
Sustentar-me naquilo que um dia foi meu corpo
Seguir junto aos meus iguais
E levar aquilo que tenho dentro do peito o mais alto que eu puder
Para que no futuro quando tudo que restar for histórias
E lembranças desses dias que não voltam
Nós possamos nos sentar a frente de sorrir
Tendo a certeza de que tudo isso valeu.
19/IV/2o12.