SANGUE DE BARATA

Vez por outra, escuta-se esta expressão “... comigo o negócio é diferente, eu não tenho sangue de barata”... E geralmente vem ela acompanhada de um comentário sobre alguma discussão em que o narrador participou ou que alguém, com quem ele está falando, fez parte! Porque para a grande maioria das pessoas é fraqueza não revidar um insulto, é covardia não revidar uma ofensa. Para elas, só é forte quem demonstra, em tom grave ou estridente, que “não leva desaforos pra casa”. Como se vê a mosaica Lei do Talião continua atualizadíssima. E o interessante nisso tudo é que quase a totalidade dessas “não-baratas” afirma categoricamente que é Cristã. Ora, por favor, se é pra não ser covarde, que realmente sejam valentes, ou melhor coerentes, porque é diametralmente oposta a “filosofia vã” do homem com a Filosofia do Filho do Homem. Pergunto eu: como se pode se afirmar ser Cristão e nem sequer ler uma página sequer dos quatro evangelhos? Ou se se lê, lê-se como quem pergunta alguma coisa a alguém e imediatamente não presta atenção na resposta. Que tipo de Cristão é esse que desconhece a Carta Magna do Evangelho: o Sermão da Montanha? Onde Jesus afirma claramente que “quando te baterem na face direita, deves oferecer também a esquerda” (mas não oferecer com jactância) como fazem alguns pseudos-hérois e sim em silêncio como Ele mesmo faz quando do episódio em que é levado até Herodes, Tetrarca da Galiléia e desafeto de Pilatos (pelo menos só até ali, porque depois se tornaram amigos)... e fica Ele lá, em pé, de cabeça baixa, enquanto o Governador, submisso de Salomé, decepciona-se com o Rabi, porque não lhe faz nenhum número de magia. E depois, logo depois, em silêncio, suporta todos os impropérios, escárnios, escarros e bofetadas de soldados romanos tão acostumados com a violência e tão sedentos em demonstrá-la. Ele, Jesus, o Cristo, o maior de todos os “sangues de barata” de que tivemos notícia.

Mas para que não me venham com a falácia de que “pra ele era fácil suportar” (e não era), vamos citar um outro, mais próximo de nós...o homem que mudou o século XX... Mohandas Ghandi (o Mahatma)... A Grande Alma... Homem franzino, de cor escura, vestido somente com uma tanga (feita com tecido indiano, por ele mesmo), e portador de uma obstinência e disciplina ferrenhas, que desafiou e venceu pela sua Ahimsa (não-violência...e a não-violência aqui significa não fazer mal, não falar mal e nem sequer pensar mal de quem quer que seja) a dominação inglesa sobre a Índia. Portanto, nós “mortais” não temos mais desculpas para não enfrentarmos os revezes da vida, porque um homem comum conseguiu. Aliás, por falar em Ghandi, o pagão cristão, certa vez ele declarou, falando sobre as palavras de Jesus: “Se se perdessem todos os livros sacros do mundo e só restasse o Sermão da Montanha, nada estaria perdido”.

O mais forte é sempre aquele que se doa ao outro!

Um negativo não anula outro negativo; somente um positivo anula o negativo... isso vale tanto no mundo físico quando no metafísico.

Um abraço a todos! Fiquem à vontade!

AlbertoSales
Enviado por AlbertoSales em 17/04/2012
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