O oceano
(Mara Rosa 01.08.2000)
O banhista chega de mansinho à margem do mar,
Seus pés tocam suave e calidamente o frescor da areia,
Os passos se apressam rumo à água salobra,
Seus olhos projetam sua mente para além do horizonte finito,
Uma viagem começa ali a esmo e sem demarcações de limites,
Sua vida vagueia pelas ondas esverdeadas que as algas plasmaram,
Enfim, as cores não lhes interessam muito pois não se sabe a cor do pensar.
Aporrinhado pelo peso de uma vida em desalento ele sente a fadiga,
O cheiro fétido dos peixes mortos no cais distante atormenta suas narinas,
Do coração solitário pelo tempo parece promanar um asco de dor,
Uma sensação estranha tromba com sua existência e o contorce em lágrimas,
Como se estivesse em estado de metempsicose socrática exclama:
Como dói a solidão de não ser amado e não se encontrar....
..... Nem mesmo tu, ó mar, és capaz de preencher o que restou do finito efêmero:
A sede agora é pelo INFINITO.