O oceano

(Mara Rosa 01.08.2000)

O banhista chega de mansinho à margem do mar,

Seus pés tocam suave e calidamente o frescor da areia,

Os passos se apressam rumo à água salobra,

Seus olhos projetam sua mente para além do horizonte finito,

Uma viagem começa ali a esmo e sem demarcações de limites,

Sua vida vagueia pelas ondas esverdeadas que as algas plasmaram,

Enfim, as cores não lhes interessam muito pois não se sabe a cor do pensar.

Aporrinhado pelo peso de uma vida em desalento ele sente a fadiga,

O cheiro fétido dos peixes mortos no cais distante atormenta suas narinas,

Do coração solitário pelo tempo parece promanar um asco de dor,

Uma sensação estranha tromba com sua existência e o contorce em lágrimas,

Como se estivesse em estado de metempsicose socrática exclama:

Como dói a solidão de não ser amado e não se encontrar....

..... Nem mesmo tu, ó mar, és capaz de preencher o que restou do finito efêmero:

A sede agora é pelo INFINITO.

Adair José Guimarães
Enviado por Adair José Guimarães em 27/01/2007
Reeditado em 01/02/2007
Código do texto: T360916