Votos

E cá estou eu, sem palavras. E entre às mãos, que aguardam as suas, está um velho papel que debruçado sob meus anseios, se perdurou pelos meus dias que viraram semanas, que guardando mesmo sem nenhuma palavra, meus mais sórdidos carinhos repousava em meus dedos. O vento acaricia meu rosto, me colocando novamente naquela estrelada noite de Maio, naquele jardim, que serviria de pequeno alicerce para o futuro de grandes passos, para futuros grandes traços já traçados muito antes de tudo aquilo existir. São tantos sorrisos desconhecidos, tantos passos sem rumo por aquele tapete vermelho. Até que enfim um olhar, nossos pais conversando, seria este o começo de uma nova perdição? Mesmo sob o momento perfeito, sob um delírio tão sonhado, ali estava eu, a poucos preciosos instantes de ter que resumir em meras poéticas palavras, uma vida, uma estória, uma paixão. Então sob rajar dos pássaros, o momento que mais me dará calafrios nas últimas horas, suou ao som de um trompete, chegava então a minha rainha ao começo daquele simbólico tapete vermelho. Cuidadosamente admirando todos os detalhes escolhidos por noites a fim por nós dois, acariciando os buquês ao redor do tapete vermelho, admirando os enfeites ao pé da mais alta árvore daquele lugar que por sua vez dava ainda mais brilho àquela noite de primavera, observando junto a mim graciosamente a dama de honra balançar as flores do pé do altar até nossos olhos se encontrarem, e por fim, não se desprenderem mais. E pela primeira vez naquela noite, percebia que a paz só tomava meu corpo ao encontro dos nossos olhos, da nossa alma. E mesmo sem palavra, eu sentia que estava no lugar certo, com a pessoa certa.

Bettanin
Enviado por Bettanin em 11/04/2012
Reeditado em 11/04/2012
Código do texto: T3605776
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