Susto

Ai que susto!

O coração disparou.

As mãos começaram a transpirar.

Sentimos um frio que percorreu toda espinha.

Tensão.

Muita tensão no ar.

Silêncio.

E agora?

Será que vai dar certo?

Pense.

Pense rápido.

Um segundo pode ser muito tempo.

Pode ser tarde demais.

Um susto!

Apenas um susto.

Ficamos aliviados e rimos gostosamente.

Depois da tensão...o prazer.

O riso.

A descontração!

Segredo.

Fica entre nós.

Vamos rir por muito tempo ainda.

Mas só nós...

Só nós, nesse sábado vazio.

Gostaria de estar na praia.

Sob o sol.

Vendo o mar.

Sentindo a brisa suave.

Ou no campo.

Vendo o mato.

Sentindo o delicioso cheiro da grama molhada.

Com meus amores.

Meus afetos, que me fazem tanta falta.

Mas não, estou aqui.

Estamos aqui.

Tomamos um susto.

Mas não foi tão ruim.

Serviu para quebrar essa monotonia insuportável dos sábados.

Sábados na empresa.

É bom...

É ruim...

Depois daqui.

Sem susto, mas ainda monótono.

E depois, e depois e depois...

Quase sempre igual.

A cidade grande.

Fascinante, mas só.

A noite quem sabe...

Um vinho barato e um papo furado.

Ou uma TV sozinha.

Um seriado engrenado.

E talvez, um sono tranquilo.

Um sono sonhado, sem susto e nem papo furado!

Cuidado!

Pode ser um susto!

Mas não...

Sei bem o que quero.

Melhor ainda o que não quero!

E sigo.

Sem susto.

Sem nada.

Só.

Sonhando.

Pois o sonho é o começo de tudo!

.

.

.

.

.

.

.

Ah...e o susto?

Passou...

Vamos embora.

Cada um para um lado.

Sonhando acordado.

Cada um com seu sonho.

Seu sonho sonhado.

Patrícia Tomeleri
Enviado por Patrícia Tomeleri em 27/01/2007
Reeditado em 27/01/2007
Código do texto: T360377
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