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“O que você quer ser quando crescer?”, era o que me perguntavam quando eu era criança.

“Médico”, eu respondia.

O que ninguém nunca me disse é que uma criança deveria pensar no futuro como algo divertido, fantasioso, como se fosse uma aventura. O futuro enfadonho pertence aos adultos, com seus ternos e gravatas de nós prontos.

Mas e a estabilidade? As carreiras? O dinheiro?

Por que somos tão tendenciosos a acreditar na evolução do status e não na evolução do coração?

Por que colocaram isso em nossas cabeças antes mesmo de descobrirmos que a matemática vai além de aprender a tabuada?

Por que não podemos simplesmente acreditar na felicidade plena, sem precisar acordar cedo?

Por que não podemos estudar pelo simples prazer de aprender, e não para “ser alguém na vida”?

Por que a inocência se perde tão cedo...?

E quantas crianças realmente estudaram medicina quando cresceram?

E quantas crianças não tiveram a oportunidade de estudar?

E quantas crianças não tiveram quem fizesse a famosa pergunta a elas?

E se te fizessem essa pergunta hoje, qual seria a sua resposta?

E se me fizessem essa pergunta hoje, qual seria a minha resposta?

“Quero ser exatamente quem sou, com meus erros e acertos, com minhas risadas e escolhas.

Alguém que olha para o passado com nostalgia.

Alguém que olha para o presente com alegria.

Alguém que olha para o futuro com respeito”.

E as respostas para “a vida, o universo e tudo mais”, eu deixo para quem não está satisfeito consigo mesmo.