But we cannot cling to the old dreams anymore
Quando cada passo dado à frente te faz retroceder: o que fazer?
Sair cagando, comprando, em busca de uma felicidade que me é hostil - isso lá é vida? Isso é lá ter sentido, vida? Borboletas não se olham - não precisam de - espelho, vivem poucos dias e morrem gagás, e ainda assim parecem ter mais propósito - o de encantar quem tem o privilégio de vê-las - que eu nessa vida; eu, ser pensante, ser inteligente, ser predador e ardiloso.
Ser burro.
Estou num daqueles dias de grandeza que não poder tocar o sol me causa uma mágoa lancinante. Ter um destino e não ser dono dele... Esse solo fértil para os disseminadores da palavra acalentadora envasada plástica repetida: "Você é dono do seu destino". Assim como fui dono dos meus gatos que desapareceram depois de uma noitada daquelas.
Caralho.
Essas estradas capciosas da vida, sinuosas, cheias de costelas de vaca e atolamentos que chamam de "aprendizado": de que adiantará tudo isso? Eu odeio esses dias onde tudo faz sentido!
Odeio quando me dou conta de que a soma de todos os meus dias será rasgada pelo toque indiferente, frio e mecânico da morte; de que todos os meus esforços resumir-se-ão tão somente a um ossuário, e a uma história de vida medíocre como tantas bilhões de outras; que serei lembrado com orgulho por somente ser capaz de admitir as próprias incapacidades. E de enganar os outros mais que a mim mesmo e me enganar com essa inegável certeza, subvertendo-a num ato doloso de auto-piedade...
Foi o meu perfeccionismo numa raça/vida fadada à imperfeição que me matou aos poucos; o dissabor de querer ter/ser sem nunca nunca poder.
E a ninharia imposta por enxeridos como contentamento, sendo posta num pedestal grego e louvada à exaustão!
Caralho, não!
Hoje não!
Por favor...
Hoje?
Não!
02/04/2012 - 20h30m
Na folha de rascunho de um simulado de prova que não soube responder nada.
The Smiths - Still Ill