Onde quer que o vento sopre
As lagrimas escorrem em minha face, destroem meus olhos, e distorcem a visão que tenho do mundo.
Aperta meu coração uma solidão decididamente mais cruel do que a pobreza que reina sobre toda a terra, esmaga toda alegria que insiste em viver dentro de mim, num resto de ser humano que aguenta toda opressão desse sentimento maldito que esta sobre mim.
Nada mais consegue se impor diante de tão grande desespero por um único sorriso, que não vem, que não virá, não há espaço para ele, ele não pode existir...
Realmente, nada mais existe em mim, eu não existo mais, desde o dia em que meu universo foi reduzido a pó, desde o momento em que a razão de permanecer vivo foi levado com o vento para um lugar onde eu não posso ir, desde o instante em que você se foi.
Vago pelas ruas dentro de mim, de lado a lado com uma pedra na mão, que pesa, machuca e queima cada vestígio de mim, arrasto-me pela escuridão da vida, levo-me para onde quer que o vento sopre, corro em direção a nada, corro fugindo de mim mesma, até as minhas forças acabarem, meus braços doerem e desajeitadamente caio, sobre aquela tal pedra, jogo-a longe e sinto o alivio que há em não ter mais um coração.