Implosão
Ah, eu confesso, que inveja dos intensos! Que tem e vivem... sabem o que tiveram, um pouco antes de perderem, mas saberão que perda lamentar. Bem pior é não conhecer a perda e desconfiar do que não se teve.
Não me falta nada?
Cadê as minhas grandes perdas? Talvez junto aos meus grandes ganhos. E a morte eu não vi de perto, é uma perd'or que não conheço... Não além da morte da tarde pela escuridão prateada no céu azul-escuro-quase-negro, ou do mergulho suicida da lua no mar compassado de fôlegos tomados de assalto. Entretanto não me lembro de ter chorado essas mortes, aliás, aquilo pelo que ou aqueles pelos quais eu já chorei ainda hão de estar vivos.
Ah, os inconsequentes, que tem lágrimas inflamáveis como os seus sorrisos e veias à mostra! Será que eu deveria assim ser? Se parei agora pra pensar, é prova que eu somente não sei como.
Vir com o fogo e o combustível inflamável...
Para o bem para o mal, eu nunca fui explosão.