Reticências.
Angústias vomitadas em um vaso sanitário de um lugar qualquer. O som ensurdece meus ouvidos, e mesmo assim ouço você sussurrar meu nome. Sinto o calor que sai da lareira que acendemos no último feriado. Pego mais um copo de vodka e jogo meu corpo na pista. Não consigo acompanhar o ritmo da música, pois o ritmo da sua pulsação não sai de mim.
Sinto salivas estranhas que meu corpo rejeita. Meus lábios não reconhecem os seus, e juro que tentei. Como tenta um atleta em sua reta final.
Saio do ambiente claustrofóbico e o Sol já está alto, o mesmo Sol que você adora sentir batendo em seu rosto - eu que sempre preferi dias nublados. O tempo nunca nos foi favorável, e o clima que nos envolvia se dissipou como uma nuvem num vendaval.
Mas você sempre esteve.
Em cada rosto parado sob a fumaça cinematográfica da balada, em cada ônibus que eu peguei - me cobrando o que nunca pude pagar. Mas agora pago, pago como paga um fiel seus pecados em penitência.
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