Entranha-me.

Nem queria mesmo. Juro que não lhe queria por perto.

Lhe queria dentro,

arranhando meu interior como um cão arranha a porta pedindo atenção.

Sério, não ia ligar. Não iria doer. Já doeu tanto antes,

sem você.

Agora sua presença não faria diferença. Seria apenas mais um sino tocando,

enquanto eu o travesseiro estivesse abraçando.

Que seja. Ou não seja.

Também já não faria diferença, as nuvens continuam a sorrir pra mim, em formatos de desenhos estranhos. Estanha-me?

Entranha-me.

Arranca-me o ócio divertido que se transpassa nas brincadeiras inocentes, indecentes.

Me encara,

cara a cara.

Cara ou coroa?

Não corroa

ou corra,

morra.

como mosca estatelada

na parede do meu quarto

Jéssica Valim Amâncio
Enviado por Jéssica Valim Amâncio em 30/03/2012
Código do texto: T3584746
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